sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A ciência por trás da mania de adiar o que precisa ser feito

Veja cinco coisas que a ciência nos diz sobre a procrastinação e que podem ajudá-lo a enxergar suas prioridades com mais clareza 

Terminar de estudar o edital apenas horas antes do certame. Adiar aquela ida ao supermercado até a geladeira estar completamente vazia. Assistir a um, dois ou até três capítulos a mais de Breaking Bad até finalmente desligar o Netflix e dar a noite por encerrada.

Todos nós procrastinamos de uma maneira ou outra, escolhendo prazeres fáceis em lugar de tarefas mais necessárias ou realizadoras, dizendo a nós mesmos “ainda posso fazer isso amanhã” – ou depois de amanhã, ou no dia seguinte...

Mas há muito mais ciência por trás da procrastinação do que você talvez imagine.
Nos últimos anos, psicólogos e pesquisadores de todo o mundo andam perguntando o que há na mente humana que nos leva a adiar coisas que, na realidade, podem ser muito importantes para nós.
Veja cinco fatos que a ciência nos diz sobre a procrastinação e que podem ajudá-lo a enxergar suas prioridades com mais clareza.

Algumas pessoas procrastinam mais que outras
Algumas pessoas têm predisposição genética a deixar as coisas para mais tarde.
Pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder descobriram que algumas pessoas tendem mais que outras a ceder à tentação quando uma nova distração se apresenta.
Do mesmo modo, algumas pessoas apresentam mais tendências impulsivas. As pessoas que agem impulsivamente deixam sua atenção ser desviada mais facilmente por coisas que acham que lhes darão mais prazer no curto prazo, o que as leva a adiar suas metas de longo prazo para mais tarde.
Embora não seja garantido que um procrastinador também será uma pessoa impulsiva, os pesquisadores encontraram uma correlação entre as duas características.

A procrastinação é prazerosa – até o momento em que deixa de ser
Todos nós sabemos que o resultado final da procrastinação – aquela sensação de pânico, ansiedade e exaustão absoluta – é tudo menos desejável, mas a injeção de prazer de curto prazo que ela proporciona nos leva a procrastinar sempre mais uma vez.
Aquela injeção é uma pequena dose de dopamina que percorre o cérebro – uma recompensa química prazerosa inspirada por aquele vídeo hilário de um gato ou aquele questionário de personalidade, irrelevante para sua vida mas tão divertido.
Cada vez que acontece algo prazeroso, você recebe uma dose de dopamina que modifica os neurônios de seu cérebro, aumentando a probabilidade de você repetir esse comportamento”, diz o vídeo sobre procrastinação da AsapSCIENCE.
Muitas vezes a procrastinação é um sintoma, não uma causa.” Sabemos que o resultado final terá efeitos negativos, mas aquela tão sedutora injeção de prazer de curto prazo nos conquista com mais frequência do que as vezes em que resistimos a ela.

O processo decisório do cérebro é um cabo-de-guerra constante
O córtex pré-frontal é a parte do cérebro responsável por receber informações e tomar decisões.
Essa é a parte do cérebro que realmente diferencia os humanos dos animais, que são simplesmente controlados por estímulos”, disse Timothy A. Pychyl, professor de psicologia na Universidade Carleton, à revista Real Simple.
Mas esse processo de tomada de decisões é voluntário.
Se não temos consciência do momento ou não estamos concentrados na tarefa à nossa frente, nosso sistema límbico – uma das partes dominantes do cérebro responsável pelo que Pychyl descreve como “conserto imediato de estado de humor” – começa a dominar.
Resultado: cedemos ao que nos dará mais prazer, que geralmente é aquela injeção de dopamina que acompanha a procrastinação.

A procrastinação é a quebra do autocontrole

Uma falta de autocontrole leva os procrastinadores a ter problemas quando se trata de concluir tarefas, mesmo algumas das tarefas mais simples e básicas.
“Uma ‘tempestade perfeita’ de procrastinação ocorre quando se encontram uma tarefa desagradável e uma pessoa altamente impulsiva e com pouca autodisciplina”, escreveu Eric Jaffe na Psychological Science.
Essas características levaram pesquisadores a descrever a procrastinação como ‘a ruptura essencial do autocontrole’.”
Uma falta de autocontrole também está ligada a tipos específicos de procrastinação. Pesquisas de cientistas da Universidade de Utrecht, na Holanda, cunharam recentemente o termo “procrastinação da hora de dormir”, constatando que “as pessoas que geralmente têm dificuldade em resistir a tentações e persistir com suas intenções também mostram tendência maior a adiar o momento de ir para a cama.

Resistir às forças da procrastinação é algo que está inteiramente em seu poder
A procrastinação muitas vezes se deve a nossos sentimentos ambíguos ou negativos em relação a determinada tarefa – podemos estar sentindo intimidação, medo de fracassar ou falta de interesse.
Com isso, podemos enxergar as tarefas como coisas a serem superadas, em vez de coisas a serem vividas ou realizadas.
Cada vez mais, os psicólogos e consultores de gestão de tempo estão focando uma estratégia nova: ajudar os procrastinadores a ver como as tentativas de melhorar seu estado de humor estão sabotando seus esforços e aprender a regular suas emoções de maneiras mais produtivas”, escreveu Sue Shellenbarger no Wall Street Journal este ano.

“[O Dr. Pychyl] aconselha os procrastinadores a praticar as ‘viagens no tempo’, projetando-se no futuro para imaginar as sensações boas que terão depois de terminar uma tarefa ou as sensações ruins que terão se não a tiverem concluído”, revivendo a ansiedade e a preocupação que sentem subconscientemente em relação ao futuro.

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