domingo, 10 de junho de 2018

Advogada aborda direitos sucessórios na união estável e no casamento

Adriana Letícia Blasius falou sobre a inconstitucionalidade de dispositivo do CC que diferenciava direitos sucessórios de companheiros e cônjuges.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Em maio de 2017, o STF julgou RE e declarou a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do Código Civil, que diferenciava os direitos sucessórios existentes na união estável e no casamento. Durante sua vigência, o dispositivo determinava que os direitos sucessórios de quem vivia em união estável correspondiam a um quinhão menor do que os dos casados.

É o que afirma a advogada Adriana Letícia Blasius, do escritório Küster Machado – Advogados Associados. Segundo ela, o dispositivo do Código criado em 2002 divergia da Constituição Federal, em vigência desde 1988. "Inclusive, concretizou o retrocesso legal ao revogar as leis 8.971/94 e 9.278/96, as quais protegiam as relações familiares advindas da união estável equiparando-as as entidades familiares advindas do casamento civil", diz.

Segundo Adriana, o novo entendimento do STF adequou a disparidade infraconstitucional instalada em 2002, de modo que o CC passou a caminhar em paralelo com a Constituição em matéria sucessória, respeitando os ditames constitucionais da dignidade da pessoa humana e da isonomia e extinguindo a distinção entre as diversas formas de composição familiar no regime sucessório.

Adriana pontua que, ao declarar a inconstitucionalidade do artigo 1.790 do CC, o STF destacou que a equiparação entre cônjuges e companheiros somente poderia ser aplicada em inventários judiciais cuja sentença ainda não transitou em julgado e na modalidade extrajudicial, em casos nos quais ainda não foi lavrada a escritura pública.

"Há que se levar em conta ainda, que a forma de divisão patrimonial irá considerar o regime de bens adotado, havendo concorrência com ascendentes, descentes, bem como, só poderá ser aplicada aos inventários judiciais e extrajudiciais iniciados a partir de 11 de janeiro de 2003."

Adriana explica que o julgado do STF direcionou a equiparação entre cônjuges e companheiros apenas em relação à aplicação igualitária do artigo 1.829 do Código Civil, mas que em nenhum momento fez menção à inclusão do companheiro no rol de herdeiros necessários do artigo 1.845 do Código. No entanto, segundo Adriana, o Tribunal se utilizou de uma interpretação sistêmica às demais normas pertinentes a sucessão que devem ser aplicadas ao companheiro, tais como o direito real de habitação, quota mínima hereditária, concorrência com ascendentes e preferência sobre herdeiros colaterais.

A advogada conclui tratando da importância da decisão da Suprema Corte e explica a aplicação do entendimento no caso no qual ele foi abordado.

"É de grande valia acrescentar que ao julgar a inconstitucionalidade trazida em relação aos cônjuges e companheiros pelo artigo 1790 do CC, foi acrescido ao julgamento o RE que tratava da sucessão entre companheiros homoafetivos, tendo seu julgamento concluído e decidido no sentido de ter a Constituição amparado de forma ampla a união estável, independente de tratar-se de união convencional ou homoafetiva."
_______________

http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI281010,31047-Advogada+aborda+direitos+sucessorios+na+uniao+estavel+e+no+casamento

Direito de preferência não se aplica na venda de fração de imóvel entre coproprietários

Para a 3ª turma do STJ, dispositivos do CC não têm o efeito de anular a venda da fração do imóvel de um condômino ao outro.

sábado, 2 de junho de 2018

O direito de preferência previsto no art. 504 do CC não se aplica na venda de fração de imóvel entre coproprietários, ou seja, quando não há o ingresso de terceiros numa propriedade em condomínio.

A 3ª turma do STJ deu provimento ao recurso de um coproprietário para afirmar a legalidade da transação feita com outro condômino sem o oferecimento do direito de preferência ao detentor da fração maior do imóvel.

Para o relator do recurso especial, ministro Paulo de Tarso Sanseverino, a hipótese prevista no art. 504 do CC disciplina as hipóteses de venda a estranhos, o que não ocorreu no caso julgado. "Sem que se concretize a hipótese matriz, não haverá falar em aplicação do parágrafo único, ou seja, em concorrência entre os demais proprietários", justificou.

O relator destacou que os dispositivos legais devem ser interpretados de forma sistemático-teleológica. A hipótese prevista no art. 504, segundo o relator, foi pensada para reduzir o estado de indivisão do bem, já que o proprietário da fração maior tem a possibilidade de evitar o ingresso de outras pessoas no condomínio.

Entretanto, quando não há terceiro envolvido e não há dissolução do condomínio, o direito de preferência não existe.

"Não há direito potestativo de preferência na hipótese em que um dos condôminos aliena sua fração ideal para outro condômino, já que não se fez ingressar na copropriedade pessoa estranha ao grupo condominial, razão pela qual fora erigida a preempção ou preferência."

Condomínio mantido


Sanseverino lembrou que o acórdão recorrido fundamentou a decisão de invalidar a venda da fração do imóvel com base no art. 1.322 do CC. Na visão do relator, acompanhada pela unanimidade da turma, tal artigo é inaplicável ao caso, já que não houve extinção do condomínio.

"A conclusão que há de prevalecer, assim, é: em não havendo extinção do condomínio, é dado ao condômino escolher a qual outro condômino vender a sua fração ideal, sem que isso dê azo ao exercício do direito potestativo de preferência", afirmou.

Dessa forma, para a 3ª turma, os artigos 504 e 1.322 do CC não têm o efeito de anular a venda da fração do imóvel de um condômino ao outro.
Processo: REsp 1.526.125

Informações: STJ

http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI281071,51045-Direito+de+preferencia+nao+se+aplica+na+venda+de+fracao+de+imovel