quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Tom Cruise prova que abandono paterno não é uma questão de classe

Por Geisa Agricio - 31/01/2018

O nível do machismo que ronda a figura de Tom Cruise é arrepiante. Depois de obrigar a ex-mulher Katie Holmes a passar cinco anos impedida de assumir um outro relacionamento - notícia que só veio à tona quando em 2017 descobriu-se seu sigiloso namoro com Jamie Foxx - surge a informação que desde 2012, após o divórcio, o astro de "Missão Impossível" não tem contato com a filha Suri Cruise, hoje com 11 anos de idade.
O divórcio não inclui crianças, chega ao fim uma relação marital, mas a princípio os laços entre pais, mães e seus respectivos filhos não se desintegram porque o casal não segue mais junto. Na teoria, estaria assegurada a todas as crianças, independente da relação que se desenrola entre os adultos, o direito de conviver qualitativamente (o que só é favorecido por um convívio quantitativo substancial) com seus pais.
Mas a realidade é que vivemos numa sociedade em que filhos são problemas da mãe, ao pai que forma com essa mulher o contexto familiar de casamento, pouca coisa lhe é cobrada além do provimento de pensão. E isso se traduz na sobrecarga de mães solo (não, não se diz mais mãe solteira por que ser mãe não é um estado civil) e na realidade absurda de abandono paterno. Somente no Brasil, mais de 5,5 milhões não têm nem sequer o nome do pai registrado na certidão de nascimento, imaginemos os números dos abandonos mesmo com registros, que decidem como Tom Cruise - e como homens é aceito que assim decidam - que as crias que colocaram no mundo não são suas prioridades.
Suri Cruise, famosa e rica, com uma vida cheia de privilégios, ainda assim, sente falta da referência do pai. A OK! Magazine diz que a garota está desesperada perguntando por que ele não quer vê-la. “Ela está na idade em que precisa de um apoio paterno. Qualquer criança em seu lugar naturalmente questionaria o motivo de o pai não estar presente”, disse uma amiga de Katie Holmes à publicação, revelando que ela já tentou solicitar um encontro, sem sucesso. A última vez que Tom e Suri em que estiveram juntos publicamente foi em 2012, no parque da Disney, nos Estados Unidos.
Segundo o site Hollywood Reporter, uma fonte contou que Cruise está focado integralmente em sua carreira e na igreja da Cientologia e não vê brecha em sua agenda para dar atenção à sua filha Suri. Quantos homens conhecemos com atitudes semelhantes? Enquanto seus filhos são criados convenientemente apenas pelas mães, decidem que precisam focar em sua própria vida, seja um novo casamento, uma nova família, uma emprego, uma formação profissional distante.
E não são considerados vagabundos, problemáticos, socialmente inaptos. São “homens de bem”, que conseguem reconquistar suas vidas, prosperar em suas iniciativas e serem bem sucedidos, como se filhos não tivessem enquanto mães comumente precisam abdicar de planos e conquistas sacrificando seu desenvolvimento pessoal em detrimento da família. Abandono paterno precisa parar de ser normatizado como algo que acontece porque “eles são assim mesmo”, precisa ser debatido.
Se repararmos bem, quando uma mãe é presa, por abandono de incapaz, quando sai pra trabalhar e deixar as crianças sozinhas ou mesmo não tem condições e abandonam bebês em porta de maternidade, o pai nunca é considerado foragido pelo mesmo crime. Por que será?
Fonte: https://storia.me/pt/@geisa.agricio/tom-cruise-prova-que-3fkuas

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