quarta-feira, 15 de julho de 2020

Austrália lança inteligência artificial para mediar divórcios

Para o bem ou para o mal, existe uma boa chance de sua atual vida ter algum tipo de relação com a automação. Se estiver procurando um parceiro no Tinder, está recorrendo aos algoritmos na caixa-preta do Match Group. Ou talvez esteja procurando recomendações em apps que mostram o bar ideal para um encontro. Se as coisas ficam mais sérias, talvez recorra a um outro algoritmo secreto para ajudar a planejar toda a festa de casamento.

E se você acabar casando pelos motivos errados, existem outras caixas-pretas nas quais pode incluir suas informações para resolver detalhes do divórcio. Conhecido como “amica“, o serviço foi lançado esta semana pelo governo da Austrália como uma maneira de permitir que os envolvidos “façam acordos parentais” e “dividam seu dinheiro e propriedade” sem precisar contratar um advogado para fazer o trabalho pesado.

O procurador-geral da Austrália, Christian Porter, disse que o governo federal está “empenhado em melhorar o sistema legal familiar para torná-lo mais rápido, simples, barato e muito menos estressante para casais que estão se separando e para os seus filhos.”

Essa novidade vem em boa hora. De acordo com uma pesquisa local feita neste mês, cada vez mais casais australianos estão reconsiderando seus pares românticos. E mesmo um pequeno aumento no número de divórcios pode causar um efeito dominó: o sistema de varas familiares da Austrália é notoriamente sobrecarregado e o lockdown no país fez com que as coisas ficassem ainda piores.

De acordo com Porter, o algoritmo amica deve não só facilitar os divórcios, mas também aliviar a pressão sobre esses tribunais.

O projeto custou caro, com as autoridades locais supostamente injetando cerca de AU$ 3 milhões (cerca de R$ 11,2 milhões). Mesmo assim, o próprio site do amica não descreve com detalhes como funciona a divisão de bens e outras mágicas:

amica usa inteligência artificial para fazer sugestões sobre como dividir seu dinheiro e seus bens com base nas informações que você inclui. A inteligência artificial considera os princípios legais e os aplica às suas circunstâncias. Se você e seu parceiro concordarem com a divisão sugerida pelo amica, vocês têm a flexibilidade de combinar entre si como gostariam de colocar a divisão em vigor. Por exemplo, vocês vão vender a casa? Um de vocês vai comprar a outra parte?

Em outras palavras, comparando seu caso com os tipos de resoluções obtidas em casos similares por casais que romperam laços no passado, o sistema de inteligência artificial deve ser capaz de sugerir como você poderia querer, digamos, dividir a pensão para as crianças.

(...)

https://gizmodo.uol.com.br/australia-inteligencia-artificial-mediar-divorcios/