Um estatuto voltado a mais um grupo
social, desta vez para as pessoas com deficiência, está em fase final de
elaboração no Congresso e deve provocar polêmica em vários setores caso
todos os pontos previstos sejam mantidos.
O documento prevê alterações tanto no
Código Civil, dando direito a deficientes intelectuais a se casarem sem
ter autorização dos pais ou da Justiça, quanto na Lei de Cotas, com a
inclusão de pequenas e médias empresas na obrigação de empregar pelo
menos um deficiente.
Todas as medidas previstas ainda podem
ser alteradas, segundo a relatora do documento, a deputada federal Mara
Gabrilli (PSDB-SP), mas a ideia é que os trabalhos se encerrem em
outubro.
O estatuto terá implicações legais também nas áreas de saúde, educação, comércio e direitos humanos.
O documento determina, por exemplo, que
escolas particulares não podem cobrar valores complementares para
atender alunos com deficiência e tipifica o crime de preconceito e
discriminação contra o grupo.
“O estatuto vai viabilizar uma série de
direitos descritos na Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência,
da qual o Brasil é signatário, mas que ainda não são aplicados”, afirma
Gabrilli.
Juristas, congressistas e entidades civis participaram da elaboração do estatuto, que tem 134 artigos.
No capítulo relativo ao direito à
cultura, esporte, turismo e lazer, o texto determina que as vagas
reservadas a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, inclusive
aos obesos, em salas de espetáculos, cinemas, ginásios, teatros,
auditórios e outros não poderão ficar em apenas um setor específico.
O estatuto define a quantidade de vagas
de acordo com o tamanho do estabelecimento e manda que os locais estejam
espalhados por setores e não mais em nichos.
TRABALHO
Ponto que deve causar controvérsias no
estatuto é o que altera a Lei de Cotas, que reserva vagas no mercado de
trabalho para o grupo.
O documento passa a obrigar negócios de 50 a 100 funcionários a ter em seus quadros pelo menos uma pessoa com deficiência.
Atualmente, apenas empresas que tenham
mais de 200 funcionários precisam cumprir a legislação, em percentuais
de 2% a 5% dos postos de trabalho, dependendo do total de vagas.
Ercílio Santinoni, presidente da Conampe
(Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas), avalia que “não
haverá problemas”.
“As micro e pequenas empresas já têm uma
preocupação grande com responsabilidade social. Não haverá resistência.
O problema poderá ser a falta de mão de obra para assumir as vagas. É
preciso criar mecanismos de justificativa para evitar multas àqueles
negócios que não conseguirem cumprir a lei.”
Uma pesquisa com 121 empresas analisadas pela consultora Talento Incluir indica que 87% delas não estão cumprindo a lei.
As alegações para tal foram a baixa
qualificação dos profissionais, a dificuldade de encontrá-los, a falta
de acessibilidade na empresa e o despreparo de gestores.
Fonte: Folha, 9 set. 2013.
http://atualidadesdodireito.com.br/blog/2013/09/09/estatuto-amplia-cotas-e-casamento-de-deficientes/
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